Amanhã há de ser
Outro dia
...Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente..."
Durante a caminhada de hoje, recebendo aquela energia deliciosa do amanhecer, essa canção bateu na minha memória, e foi recebida com aplausos! Eu não segurei a onda, e chorei...de alegria, de emoção, de nostalgia...
Recordei a luta que travei com meu pai para comprar esse disco do Chico,"sujeito" que ele dizia não gostar, pois como militar, tinha que manter o brio e chamá-lo de "sujeito subversivo"; essa palavra me assustou prá caramba, mas eu me recusei a procurá-la no Dicionário, com medo de perder o encanto por Chico!
Dois dias depois da "nossa luta", já com o seu jeito bonachão, me encontrou colocando um Beatles na vitrola, passou a mão na minha cabeça, e sorrindo disse: "Tá bom, Soninha, vai lá comprar seu disco!" E eu, na maior felicidade: "É aquele do "subversivo", pai, tudo bem?" E ele: " Mas é um subversivo instigante"... e deu a gostosa gargalhada costumeira! Aí sim, fui correndo consultar o Aurélio, e percebi, aliviada, que tinha mais um motivo para gostar do Chico.
Pensei ainda naqueles que até hoje pensam que sem eles "a manhã não vai renascer e esbanjar poesia", e que meu pai saiu de cena entendendo que "o céu clareia de repente, impunemente, e que o dia vai raiar sem nem pedir licença..."
Água nova brotando
e a gente se amando,
sem parar...
Apesar de você!"