Recebi por SMS a notícia de morte de uma professora. Uma Professora com P maiúsculo.
Como terminei psicologia há 5 anos, era uma professora recente.
Mulher enigmática, cabelo hiper curto, olhos azuis, cara fechada.
Nos corredores da faculdade, dizia-se que o curso era moleza até chegarem as aulas da Cambraia. Regina Cambraia era um mito na faculdade, principalmente quando não a conhecíamos de perto.
Em uma de suas primeiras aulas, ela colocou um desenho da Pixar, aquele do velhinho que joga xadrez com ele mesmo, e eu me encantei. Tanto pelo desenho como pelas suas sábias tiradas.
Na primeira prova, tirei nota baixa, muito baixa. Indignada, fui acertar contas, e ela nem me deu bola!
Finquei meus dois pés atrás!
Fiquei muito brava. E entrei no time dos inconformados com a chatice da Cambraia.
E foi na segunda prova, que minha ficha caiu. Era uma prova inteligente, e sim, fazia pensar nas entrelinhas, e comecei a mudar de opinião. Tirei um pé de trás .
E melhorei a nota.
Em 2006, fui fazer um curso de Grafologia que ela ministrava, e então conheci a verdadeira Regina. Pessoa doce, engraçada, inteligente, estudiosa. Percebi como preparava as aulas, quanto carinho tinha pelos alunos interessados, como sentia prazer em ensinar!
Tirei o outro pé. Ficamos amigas, e a turma também começou a vê-la com outros olhos.
No quarto ano, mudei de faculdade. Mas a Regina havia me marcado. Na formatura convidei-a e ela compareceu, agradecida e alegre.
Fui a oradora, e ela gostou muito do discurso. Envaideci-me com suas palavras de elogio.
Quando nasceu sua neta, enviou-me fotos. Ficou feliz demais!
Sinto muito pela sua retirada de cena, e por sua partida.
Lembrei-me de outros professores, inclusive da primeira, Irmã Adélia, que já me foge seu real semblante ...