Não consigo achar a mínima graça na minha nova idade.
Estou relutando e labutando para aceitar essa tal melhor idade. Tudo ótimo com minha saúde, ok, agradeço a Deus por tudo, mas estou em crise.
Cartão de estacionamento de idoso, longe de mim! Não quero fazer e não vou fazer, pelo menos por enquanto. Preciso amadurecer essa idéia, que tantas amigas acham o máximo. Tenho pernas ótimas para caminhar, e estacionar mais longe não me incomoda ( o que me incomoda é o cartão do idoso!!!).
Pagar meio ingresso em cinemas, teatros e shows, os cartões de banco sempre colaboram, e pago meia quase sempre. Se não pago, também não me incomoda, principalmente em teatro: os atores dão um duro danado e recebem muito pouco, acho pouco digna essa meia entrada.
Conhece-te a ti mesmo. Título do livro de J. Outeiral que me questiona muito. E estou tentando me conhecer, cada dia um pouco mais, e me impressiono comigo. De que valerá uma vida irrefletida? Para que serve o autoconhecimento?
De Sócrates guardo a semelhança no quesito curiosidade. Só sei que nada sei. Essa frase tão sabida, me pega sempre e me dá coragem para continuar minha caminhada, sempre me assustando e me indagando, como agora nessa nova fase de vida: envelhecente. Pensar não é nada fácil, e entender minha vida, meu mundo interior, é tarefa minha. E dá-lhe pensar.
Espero poder continuar nessa busca incessante da graça do envelhecer, principalmente com boas leituras, e assim vou me deparando com frases instigantes desses escritores amigos, e nessas três frases, anoto o ano de nascimento de cada um:
" O fato é que nunca evoluí. Sempre fui eu mesmo." ( Mario Quintana, 1906)
" Pise suavemente , pois você está pisando nos meus sonhos." ( Yeats, poeta. 1865)
"Penso, logo existo."( Descartes,1596)